
A consolidação do trabalho híbrido e remoto trouxe benefícios de flexibilidade, mas também expôs novos desafios para a produtividade. Em um ambiente digital marcado por notificações constantes, excesso de reuniões e práticas de multitarefa, colaboradores relatam dificuldades crescentes em manter o foco.
Segundo o Microsoft Work Trend Index 2025 – The Year the Frontier Firm Is Born, funcionários são interrompidos a cada dois minutos durante o expediente por reuniões, e-mails ou mensagens de chat. O mesmo relatório aponta que 60% das reuniões são ad hoc, ou seja, organizadas sem planejamento prévio. Além disso, o volume de mensagens fora do horário de trabalho aumentou 15% em relação ao ano anterior, e reuniões iniciadas após as 20h cresceram 16%, ampliando a chamada "jornada infinita" relatada por profissionais em diferentes mercados, como mostra o Microsoft – Breaking Down the Infinite Workday.
Pesquisas acadêmicas reforçam que a alternância frequente entre tarefas cobra um custo elevado da atenção. A McKinsey afirma que executivos relatam perda de até metade do tempo dedicado a reuniões por falta de clareza em objetivos e decisões.
Diante desse contexto, empresas brasileiras têm buscado ferramentas que tragam visibilidade sobre como o tempo de trabalho é utilizado. Plataformas como a desenvolvida pela Evope coletam dados diretamente dos computadores corporativos e traduzem em indicadores de foco, distração e sobrecarga. A solução permite mapear padrões como horas efetivas de concentração, quantidade de interrupções por notificações e participação em reuniões acima da média.
Durante a pandemia, a ferramenta foi aplicada em organizações de diferentes setores para acompanhar a adaptação ao home office. Os dados revelaram, por exemplo, que, em alguns casos, colaboradores passavam até 70% do expediente em videoconferências, o que reduzia drasticamente a capacidade de execução de tarefas analíticas. A partir desses insights, gestores puderam rever agendas, reduzir reuniões redundantes e reestruturar processos internos.
Segundo Danilo Lira, CEO da Evope, a mensuração objetiva desses fatores é essencial para a transformação cultural. "Quando os dados mostram que o excesso de reuniões ou interrupções compromete o resultado, líderes têm subsídios concretos para reavaliar práticas e adotar mudanças equilibradas", afirma.
Além de apoiar a eficiência operacional, esse tipo de monitoramento pode contribuir para o bem-estar das equipes. A Organização Mundial da Saúde (OMS) já reconheceu que jornadas longas e pressões contínuas aumentam os riscos de doenças cardíacas e esgotamento. No Brasil, a atualização da Norma Regulamentadora nº 1 (NR-1) incluiu a necessidade de atenção a riscos psicossociais, reforçando o papel das empresas na prevenção de impactos negativos relacionados ao trabalho.
Especialistas defendem que a cultura digital deve evoluir para equilibrar flexibilidade com eficiência. A mensuração baseada em indicadores de foco e distração, combinada a políticas claras de saúde mental e transparência, tende a orientar as organizações na construção de ambientes mais sustentáveis e produtivos.
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