– Eu não gosto da 5.
– Titular escolhe o número, reserva escolhe o que sobra. Você é reserva do reserva!
Comecei a jogar futebol cedo. Fui inscrito no Campeonato Carioca de Futebol de Salão de 1986. Gostava da 9, mas não pude escolher. Fiquei com a 5. O diálogo foi com meu primeiro treinador. Eu tinha 6 anos.
Clube simples, sem grandes expectativas, mas havia uma regra: jogavam os melhores porque eram melhores. No meio do Campeonato surgiu uma criança melhor que as outras. Um dos titulares teria de sair. A mãe do escolhido não concordou:
– Não é justo. Ele está há dois anos esperando e agora você o tira porque o outro é melhor?!
– Exato. O outro é melhor.
O resultado era o guia do treinador. Sua prioridade era vencer e não poderia manter um jogador pior em detrimento do melhor. Precisava dos melhores e os pôs em campo. O tempo de treinamento, o empenho da família, a dedicação da outra criança, apesar de louváveis, não o tornaram melhor… E o melhor joga.
Justo? Correto? O que seria correto? Manter o pior em detrimento do melhor? Questões como igualdade e justiça quando postas em sistemas menos complexos tornam-se simples. Em um time de futebol, mesmo de crianças, não se questiona que devem jogar os melhores.
Por que, então, questiona-se o mérito em outras situações?
Egoísta?
Em um grave problema de saúde busca-se o melhor médico ou aceita-se o menos qualificado em prol da igualdade? Casos diferentes?
O princípio é o mesmo.
Ou busca-se o melhor pela probabilidade de um resultado melhor ou aceita-se o não tão bom em prol da igualdade sob pena de um resultado insatisfatório.
Igualdade é o direito de cada um buscar seus objetivos, não sofrer discriminação, preconceito, ser respeitado igualmente a todos, o que, ao contrário do que se prega, não nos torna iguais. Continuamos diferentes… E isso é bom!
Há pessoas mais talentosas, bonitas, inteligentes. Há pessoas mais sortudas.
Se alguém tem talento para uma atividade e há quem deseje pagar; que seja. Isso vale não apenas para modelos, atletas, atores… Vale para tudo.
Cada um tem seu talento ou, se não, que se esforce. Limitar a competência de uns em razão da incompetência de outros é essencialmente errado e disso surge a condescendência com a mediocridade. Guiar-se pelo resultado é uma necessidade e aqueles que não o fazem, ao não atingir seus objetivos, tendem a culpar terceiros ou criar desculpas. A premissa da igualdade como forma de justiça não traz os melhores resultados simplesmente porque os melhores executam suas tarefas melhor. Quando se promove a igualdade em detrimento do mérito, da qualidade, do valor, promove-se a aceitação da mediocridade… Os resultados serão medíocres.
As pessoas não são iguais e não é possível que leis façam o que a natureza não faz. Crer na possibilidade que todos sejam iguais ou tenham as mesmas oportunidades é não enxergar a realidade… E a realidade existe, a realidade se impõe. A realidade é real.
É a realidade.
Diogo Simas.
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