O Conselho Indigenista de Roraima (CIR) se reuniu na tarde desta quarta-feira, 1° de fevereiro, com representantes do Ministério Público Federal (MPF) para apresentar denúncia de que 30 indígenas Yanomami estão grávidas de garimpeiros. Procurado para comentar a informação, a assessoria do CIR informou que a orientação “é falar primeiro com as lideranças Yanomami, depois abrir alguma declaração”, afirmou.
A informação também foi confirmada pelo secretário Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente, Ariel de Castro, em entrevista nesta quarta-feira, 1°, à Rádio Eldorado.
“Temos denúncias de exploração sexual infantil. Recebemos informações de, pelo menos, 30 meninas e adolescentes que estariam grávidas de garimpeiros. Temos informações, também, sobre acolhimentos de crianças Yanomami que seriam irregulares e até processos de adoções ilegais em curso”, afirmou o secretário.
Em julho do ano passado, durante uma sessão da Comissão Externa do Congresso Nacional, o presidente da Asssociação Wanasseduume Ye’kwana (Seduume), Júlio David Magalhães Rodrigues já narrava episódios de aliciamento. Ele denunciou que os garimpeiros dão bebidas alcoólicas e drogas para os indígenas mais jovens, e as mulheres têm medo de sofrer abusos sexuais.
“Os jovens estão ficando mais agressivos por conta de ingerir bebidas alcoólicas e drogas. Não querem mais ficar nas comunidades. As mulheres das nossas comunidades estão ficando cada vez mais com medo, não conseguem mais sair para a roça depois que aconteceram muitos abusos sexuais“, conta.
Uma comitiva do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC) participou de reuniões nas sedes do Tribunal de Justiça (TJ), da Defensoria Pública da União (DPU) e dos Ministérios Públicos (MP) estadual e federal para dar andamento às apurações da crise humanitária que atinge o povo Yanomami.
Além de buscar compreender as causas da tragédia, o ouvidor nacional de Direitos Humanos, Bruno Renato, explicou aos representantes da Justiça que a implementação de algumas medidas é urgente para a preservação de vidas. “Estamos recebendo informações sobre o nível de ameaças que alguns envolvidos estão sofrendo”, comentou.
De acordo com o presidente do Tribunal de Justiça de Roraima (TJRR), o desembargador Cristóvão Suter, o órgão está à disposição para que, junto ao Ministério Público e aos governos federal e estadual, seja feito um levantamento de informações.
“Estamos buscando entender a gravidade da situação, principalmente, no que diz respeito às crianças Yanomami, já que além da situação de mortalidade e desnutrição, estamos recebendo ainda denúncias de violação sexual”, mencionou. “O nosso objetivo comum é o de garantir direitos e punir aqueles que infringiram a lei”, afirmou o desembargador.
O relatório “Yanomami Sob Ataque”, de 2021, já mencionou relatos de exploração sexual das meninas e mulheres Yanomami. A introdução de drogas e bebidas alcoólicas na região deixa as comunidades mais vulneráveis aos garimpeiros.
Caso tenha interesse em ler o relatório na íntegra, acesse o site abaixo:
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