As conversas ocorreram entre um operador do esquema que envolve o uso de organizações sociais da saúde que prestam serviço a estados e municípios do Brasil e um pai de santo.
A Operação Raio X foi deflagrada em setembro de 2020, quando foram cumpridos 237 mandados de busca e apreensão e 64 de prisão em municípios de São Paulo, incluindo Osasco e em 57 cidades de outros estados, como Pará, Paraná, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul.
Durante dois anos, a OS Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Pacaembu administrou o hospital municipal Antônio Giglio, e outras demais unidades de pronto atendimento na cidade de Osasco.
Histórico da operação
Em 2020, foi divulgado que a ação seria o resultado de dois anos de investigação que apontou a existência de um esquema de corrupção envolvendo agentes públicos para desvio de dinheiro em contratos de gestão de saúde com organizações sociais. Segundo a apuração, as licitações com as organizações que fazem a administração de hospitais e outros equipamentos de saúde eram fraudadas ou superfaturadas.
Trechos da conversa entre o operador e administrador de hospitais Fernando Rodrigues de Carvalho e o seu guia espiritual Diogo Luis Cardoso.
Fernando, sobre o negócio do hospital. Pode dar liga a você e até render um bom dinheiro.
Termina assim o primeiro das dezenas de diálogos entre o pai de santo Diogo Luis Cardoso e o administrador de hospital Fernando Rodrigues de Carvalho. Era 2018.
Se fechar, vou mandar 2 mil; mil para o senhor e mil para o senhor fazer um agrado a Exu
Os negócios cresceram e Carvalho relatou que iam pegar um hospital em Osasco. "Contrato de 9 milhões mês." O grupo começou a atuar no Pará, onde Carvalho disse que iam "ganhar muito dinheiro". Em abril de 2019, começaram as intrigas. Carvalho relatou que um colega estava "envolvido com o negócio do Pará e 'tá' saqueando o hospital de Osasco". "Está pondo dinheiro na mão dos Cleudson ... E muito. Não se sustenta. Vai dar m..." Diogo respondeu rápido. "Vou dar um jeito nisso. Vixi, perigoso isso." Carvalho desabafou. "Tá muito esquisito. Muito dinheiro, muito fácil. Os caras que ele pôs lá não conhecem nada." O guia concluiu: "Logo a casa deles cai, 'cê' quer ver!?"
Cleudson Montali é investigado na operação Raio X, que apura desvio de verba em contratos fraudulentos da Saúde por meio de OSs. Quatro mandados de busca foram cumpridos no noroeste paulista; entre os alvos da fase da operação deflagrada em janeiro deste ano, está o ex-governador de SP, Márcio França (PSB). Cleudson foi preso na fase anterior da operação e está na penitenciária de São José dos Campos (SP).
"Pai, o Cleudson é muito safo. É bandido mais que os de Osasco. Aqui (Pará) está junto com o governador". E revelou que cobraram R$ 107 milhões no hospital do Pará. "Não custava 50."
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