Aos 14 anos, a acreana Ana Joyce do Carmo Gomes transforma talento e dedicação em conquistas que inspiram. Aluna do Colégio Militar Tiradentes, em Rio Branco, ela foi aprovada em 14 cursos de graduação em instituições públicas e privadas de diferentes regiões do país e alcançou o primeiro lugar geral em um concurso público municipal. Por trás dos números, está a força da educação pública e o olhar atento de professores que acreditaram no seu potencial.
Essa trajetória precoce foi construída com o apoio da rede pública de ensino e da equipe do Núcleo de Atividades de Altas Habilidades/Superdotação (NAAH/S), vinculado ao Departamento de Educação Especial da Secretaria de Estado de Educação e Cultura (SEE). É por meio desse trabalho que o Estado identifica, acompanha e estimula estudantes com potenciais diferenciados, oferecendo atividades complementares e suporte pedagógico voltado ao desenvolvimento integral.
Hoje, a rotina de Ana Joyce é intensa. As manhãs são dedicadas à escola; à tarde, ela divide o tempo entre os estudos, a prática musical e o curso de inglês no Centro de Estudos de Línguas (CEL). À noite, participa de aulas preparatórias para o Enem 2026, mantendo vivo o sonho de cursar Medicina na Universidade de São Paulo (USP).
“Eu quero ter uma vida tranquila no futuro, poder fazer o que gosto e ajudar outras pessoas. A Medicina é o caminho que mais me inspira”, contou a estudante.
Apesar da rotina puxada, Ana Joyce leva uma vida como a de qualquer adolescente: divide o tempo entre a escola, os estudos complementares e momentos de descanso.
“Eu gosto muito de dormir à tarde, assistir TV, ler e participar de atividades esportivas”, diz.
Mesmo com tantas conquistas, a jovem fala com simplicidade sobre sua trajetória.
“Eu fiz os vestibulares por curiosidade, só para ver o que acontecia. Nem imaginava que fosse passar em todos e ainda ficar em primeiro lugar no concurso”, conta, entre risos.
Entre as aprovações, estão cursos como medicina, pedagogia, matemática, medicina veterinária, direito, enfermagem, licenciatura em computação, física, letras, música, geografia, odontologia, engenharia agronômica, cências biológicas em universidades da Paraíba, Rondônia, Amazonas, Acre, entre outras.
“Foi uma surpresa boa. Fiquei feliz com todas as aprovações”, comenta.
A mãe, Vânia do Carmo Nery, acompanha de perto cada etapa da trajetória da filha.
“A rotina dela é puxada. Acorda cedo para o Colégio Militar, estuda à tarde, faz música e inglês à noite. Desde pequena, ela gosta de estudar, de aprender coisas novas. Começou na creche, depois veio o violino, o piano… Quando vi, ela já estava envolvida em várias atividades”, lembra.
Vânia conta que, no início, achava natural a facilidade da filha para aprender, até que professores e conhecidos começaram a perceber que ela fazia muito além do esperado para a idade.
“Quando ela foi identificada com altas habilidades pelo NAAH/S, tudo passou a fazer mais sentido. O acompanhamento tem sido fundamental para orientar a gente e fortalecer o potencial dela”, destaca.
O professor Marcelo Wiliam Fernandes, do NAAH/S, é um dos que acompanham a estudante na área musical.
“A Ana Joyce é uma aluna notável. Demonstra familiaridade com a música, disciplina e paixão pelo que faz. Ela é uma referência para os colegas, participa ativamente dos eventos e representa o núcleo com excelência”, afirma.
O exemplo de Ana Joyce reforça o impacto das políticas públicas voltadas à identificação e valorização de estudantes com altas habilidades. No Acre, o NAAH/S acompanha dezenas de alunos da rede pública, oferecendo oficinas, mentorias e atendimento especializado.
Além do atendimento direto aos estudantes, o núcleo também oferece capacitação para professores e apoio às famílias, com o objetivo de garantir que esses alunos possam desenvolver plenamente seus talentos.
“A escola e os professores sempre me incentivaram muito. Sou grata a todos que me ajudam e acreditam em mim”, diz a jovem, com a serenidade de quem sabe que o caminho do conhecimento é longo, e o futuro, promissor.
O NAAH/S atua não apenas na dimensão pedagógica, mas também no apoio emocional e social, garantindo que talentos como o de Ana Joyce encontrem espaço para florescer.
Desde muito pequena, Ana Joyce demonstrou curiosidade e facilidade para aprender. Aos 11 anos, já se destacava na música, área em que domina mais de dez instrumentos, entre eles violino, piano, violão e saxofone e chegou a representar o Acre em um concerto no Teatro Amazonas, em Manaus, encantando o público ao som do saxofone.
A jovem iniciou a trajetória artística na Escola de Música Acreana (Emac), onde deu os primeiros passos no aprendizado musical. Começou nas aulas de percussão e, posteriormente, foi convidada a integrar o grupo de sopros.
A vivência ampliou o interesse da jovem, que passou a estudar outros instrumentos por meio de uma parceria entre a Escola de Música e a Universidade Federal do Acre (Ufac), onde teve contato com o violino.
Com o avanço dos estudos e a participação em um programa de aceleração escolar, a rotina se intensificou, e Ana Joyce precisou reduzir o número de aulas práticas para conciliar os compromissos. Atualmente, mantém a música como parte importante da formação pessoal, ainda que em um ritmo mais leve, reconhecendo o papel fundamental que ela teve no desenvolvimento de sua sensibilidade e disciplina.
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