Sonoras, barulhentas e irrequietas. As crianças chamam a atenção, enxergam o mundo com outros olhos e outras perspectivas. Já ouvi dizer que são “leonardescas”, artistas e cientistas, como era o criador da Mona Lisa.
Escutar crianças é algo mágico e desafiador. Elas habitam outro tempo, o tempo das brincadeiras e do era uma vez. Mas há também aquelas que vivem o tempo da violência, das guerras, do trabalho infantil e da crise climática. As Declarações, Acordos e Leis dizem que devem ser colocadas em primeiro lugar, como prioridade, no entanto não é o que vemos atualmente. Apesar desses tempos de invisibilidade das crianças, a busca de inspiração para escutá-las continua movendo meu olhar.
Nessa busca em agosto deste ano estive na “Mostra Mosaico, de traços, palavras, matérias” instalada na Fazenda Ermida, em Jundiaí, parceria da Fundação Antonio-Antonieta Cintra Gordinho (FAAG) e da Reggio Children, que se constitui em um centro internacional para a defesa e promoção dos direitos e potencialidades das crianças, criado com o objetivo de valorizar as experiências das escolas de Educação Infantil da municipalidade de Reggio Emilia, cidade do norte da Itália, reconhecida mundialmente como referência em cuidados e educação na primeira infância.
Visitar a Mostra foi como retornar a abril de 2022 quando conheci pessoalmente, por meio de grupo de estudos, o trabalho desenvolvido na cidade italiana que tem inspirado educadoras e educadores de diferentes partes do mundo. Era como estar novamente em Reggio Emilia. Ali na exposição presentes estavam a valorização das produções das crianças, das suas vozes, do trabalho sensível e cuidadoso de educadoras ao documentar o cotidiano de cem linguagens de meninos e meninas.
Entendo que a experiência italiana não nos serve de modelo ou receita a ser seguidos, pois vivemos contextos bem diferenciados, mas com certeza é uma grande inspiração de valorização das produções das crianças e de escuta delas nas múltiplas linguagens.
Ao sair da exposição, caro leitor e cara leitora, fiquei algum tempo observando um lago nos arredores da Fazenda Ermida e refletindo o quanto as crianças precisam ser vistas e escutadas no presente, para que sejam prioridade hoje, antes de ser futuro, elas precisam ser o presente da Nação, principalmente na efetivação de políticas públicas.
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